Em meio às colinas do Morro da Vital Brazil, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, um projeto social se destaca como uma luz de esperança na vida de crianças e adolescentes locais. Iniciado em 2020, durante a pandemia, por demanda da própria comunidade, esse projeto tem como missão oferecer reforço escolar para aqueles que mais necessitam.
A iniciativa veio do Movimento de luta nos bairros, vilas e favelas (MLB). Uma das coordenadoras, a jovem professora de português, Thaís Carvalho, de 24 anos, cujo amor pela educação vem de berço, compartilha a sua jornada.
As dificuldades do ensino remoto
No auge da pandemia, as crianças da comunidade enfrentaram dificuldades significativas para estudar remotamente. Muitas delas não tinham acesso à internet, algumas sequer eram alfabetizadas, e as mães, ocupadas com seus trabalhos, não podiam acompanhar de perto o aprendizado de seus filhos. Thaís, que cresceu sonhando em ser professora, viveu esses desafios em primeira mão e decidiu fazer a diferença.
"Ser professora no Brasil é um desafio gigante, pois não é uma profissão valorizada, especialmente em escolas públicas. Mas se ninguém se propor a fazer nada, as coisas nunca vão mudar. Eu preciso acreditar no que eu faço e usar a educação como instrumento de transformação social", enfatizou.
Essa convicção de Thaís está profundamente alinhada com os princípios do renomado educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, que acreditava que o ensino deveria ser relevante para a realidade dos alunos. Thaís e sua equipe aplicam essa filosofia, aproximando as disciplinas da realidade das crianças e mantendo uma relação próxima com suas mães para entender suas preferências e desafios diários.
Três pilares fundamentais
O projeto, liderado por Thaís Carvalho e Bruno Ariel Dantas, tem três objetivos fundamentais. Primeiramente, eles buscam oferecer às crianças um ensino digno que as coloque no mesmo nível de aprendizado experimentado por estudantes de escolas particulares. Em segundo lugar, buscam fortalecer a autoestima dos estudantes, para que eles acreditem em seu próprio potencial de aprendizado. Por último, mas não menos importante, trabalham para formar cidadãos críticos, capazes de analisar e compreender a sociedade em que vivem.
Entretanto, para que esse sonho se torne realidade, Thaís e sua equipe enfrentam desafios significativos. Atualmente, contam com apenas 8 professores para cerca de 30 alunos. A falta de educadores resultou na ausência de turmas divididas por níveis de aprendizado, o que prejudica o ensino, deixando as crianças em diferentes estágios de escolaridade na mesma sala. Alguns estudantes, com 14 anos, enfrentam dificuldades básicas de leitura e escrita.
"A demanda da comunidade é bem maior. Há muitas crianças dentro da favela que precisam desse apoio escolar. Os colégios públicos, infelizmente, não estão sendo capazes de suprir a necessidade desses estudantes. Logo, precisamos de mais professores", compartilhou.
Caso você seja formado ou está cursando alguma área de educação, e deseja ajudar, basta entrar em contato com o Bruno por meio do Whatspapp (249998419970) e se inscrever como colaborador. A equipe também aceita apoio financeiro.
